As marcas temporais em “Catatau” de Paulo Leminski

CAPÍTULO II

 A PROSA CONTEMPORÂNEA 

“Não sei o que é o tempo. Não sei qual a verdadeira medida que ele tem, se tem alguma. A do relógio sei que é falsa: divide o tempo espacialmente, por fora. A das emoções sei também que é falsa: divide, não o tempo, mas a sensação dele. A dos sonhos é errada; neles roçamos o tempo, uma vez prolongadamente, outra vez depressa, e o que vivemos é apressado ou lento conforme qualquer coisa do decorrer cuja natureza ignoro. Julgo, às vezes, que tudo é falso, e que o tempo não é mais do que uma moldura para enquadrar o que lhe é estranho                                                 (Fernando Pessoa)

As vanguardas modernistas propunham uma ruptura com os modelos tradicionais de construção e estruturação narrativa como crítica às fórmulas que não permitiam o desenvolvimento criativo do artista. O modernismo foi introduzido no Brasil em 1922 com o advento da semana da Arte Moderna e, suas propostas, bem ou mal compreendidas não se concretizaram com êxito amplo e total. Por isso mesmo, tais propostas passaram por uma reavaliação em 1930 e 1945, conhecidas como 2ª e 3ª gerações modernistas.

Contudo, é importante salientar que tanto na poesia quanto na prosa, essa geração de escritores manifestou uma preocupação constante com a forma de suas produções literárias. Por isso, chamados de experimentalistas ou instrumentalistas, porque sua atenção se concentraria no próprio instrumento de criação literária, que seria objeto de experimentações linguísticas. Há ainda quem os considere “neo-modernos” ou “pós-modernos”.

O Pós-modernismo se apresenta a partir de 1960 como uma ruptura dos ideais modernistas para uns, para outros como uma extensão ou intensificação. De uma forma ou de outra, é o tom irônico e paródico do…