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Roteiro da Peça Entre Quatro Paredes- Sartre
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GARCIN – É.
INÊS – A quê?
GARCIN – A estragar o joguinho deles.
INÊS – A troco de quê?
GARCIN – Você me ajudará. É preciso muito pouco, Inês: apenas um pouquinho de boa-vontade.
INÊS – Boa-vontade? Onde é que vou achar isso? Eu estou podre.
GARCIN – E eu ? (Um tempo) Mas se experimentássemos, assim mesmo?
INÊS – Estou ressequida. Não posso receber, nem dar: como quer que o ajude? Um galho morto: o fogo o devora. (Um tempo, olha Estelle, que tem a cabeça entre as mãos) Florence era loira.
GARCIN – Sabe você, por acaso, que essa pequena vai ser seu carrasco?
INÊS – É possível que eu já tenha desconfiado disso. Sim desconfiava.
GARCIN – Com ela é que eles vão pegar você. Quanto a mim... eu... eu... ela não me interessa. Ao passo que com você...
INÊS – O quê?
GARCIN – É um armadilha. Eles estão à espreita, a ver se você cai na cilada.
INÊS – Bem sei. E você, é outra armadilha. Pensa que eles não previram todas as suas palavras? E que debaixo delas não há alçapões que nós mesmos não vemos? Tudo é armadilha. Mas que me importa? Eu também sou uma armadilha. Uma armadilha para ela. Quem sabe se eu é que vou pegá-la.
GARCIN – Não vai pegar coisa alguma. Somos cavalinhos-de-pau, que correm um atrás do outro, sem nunca se alcançar. Acredito que eles preparam tudo. Solte, Inês. Abra as mãos, largue à…
INÊS – A quê?
GARCIN – A estragar o joguinho deles.
INÊS – A troco de quê?
GARCIN – Você me ajudará. É preciso muito pouco, Inês: apenas um pouquinho de boa-vontade.
INÊS – Boa-vontade? Onde é que vou achar isso? Eu estou podre.
GARCIN – E eu ? (Um tempo) Mas se experimentássemos, assim mesmo?
INÊS – Estou ressequida. Não posso receber, nem dar: como quer que o ajude? Um galho morto: o fogo o devora. (Um tempo, olha Estelle, que tem a cabeça entre as mãos) Florence era loira.
GARCIN – Sabe você, por acaso, que essa pequena vai ser seu carrasco?
INÊS – É possível que eu já tenha desconfiado disso. Sim desconfiava.
GARCIN – Com ela é que eles vão pegar você. Quanto a mim... eu... eu... ela não me interessa. Ao passo que com você...
INÊS – O quê?
GARCIN – É um armadilha. Eles estão à espreita, a ver se você cai na cilada.
INÊS – Bem sei. E você, é outra armadilha. Pensa que eles não previram todas as suas palavras? E que debaixo delas não há alçapões que nós mesmos não vemos? Tudo é armadilha. Mas que me importa? Eu também sou uma armadilha. Uma armadilha para ela. Quem sabe se eu é que vou pegá-la.
GARCIN – Não vai pegar coisa alguma. Somos cavalinhos-de-pau, que correm um atrás do outro, sem nunca se alcançar. Acredito que eles preparam tudo. Solte, Inês. Abra as mãos, largue à…
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