UM AMANHÃ MELHOR QUE HOJE: Cultura histórica e perspectiva de futuro nos sambas-enredo da década de 1980

Esse vínculo entre as escolas de samba e o historiador é fundamental, pois as agremiações carnavalescas ao desfilarem estão criando narrativas acerca de um tema proposto. Isso se entrelaça ao pensamento do historiador britânico Keith Jenkins que vê a história constituindo “um dentre uma série de discursos a respeito do mundo” (JENKINS, 2001, p. 23). Assim como propõe Jenkins, passado e história são coisas distintas, pois “o mesmo objeto de investigação pode ser interpretado diferentemente por diferentes práticas discursivas, ao mesmo tempo que, em cada uma dessas práticas, há diferentes leituras interpretativas no tempo e no espaço” (2001, p. 24). Desse modo, os desfiles das escolas de samba aparecem como uma alternativa de prática discursiva em um presente sobre o passado a partir de uma temática proposta pela agremiação. Sendo assim, os materiais e discursos criados pelas escolas de samba serão passíveis de estudo pelo historiador.

A possibilidade de se usar os desfiles das escolas de samba, o enredo e a letra do samba enredo são recentes na historiografia, tornando-se viáveis graças às contribuições metodológicas de historiadores como Jacques Le Goff e Pierre Nora (1974), que mediante as novas realidades da década de 1960, passam a se preocupar com novos problemas e objetos, como pontua a historiadora Maria de Lourdes Janotti (2008, p. 14). Entre os novos temas, podemos encontrar aqueles sobre “o…