UM AMANHÃ MELHOR QUE HOJE: Cultura histórica e perspectiva de futuro nos sambas-enredo da década de 1980

A azul e branco de Pilares também se vê nesse processo de luta democrática, enxergando-se dentro dessa ação participativa. A escola de samba acredita ser responsável “por uma parcela, pequeníssima que seja, na luta por esse novo caminhar democrático, por essa nova república desse nosso gigante, antes adormecido, e hoje mais vivo que nunca – BRASIL”. Percebe-se o discurso ufanista apresentado pela escola, esse novo processo que representou a queda de um regime opressor, coloca agora um governo civil pautado pela esperança, por um povo que está mais aguerrido, consciente e que vai batalhar o quanto for para ter suas vontades ouvidas.

A agremiação carnavalesca traça um panorama com a história do Brasil, retrocede até o “descobrimento do Brasil” com a exploração portuguesa, perpassando pelas dependências culturais do Brasil à França e economicamente à Inglaterra. O problema com os Estados Unidos vem no viés econômico, pois enquanto estávamos sob o espectro do golpe civil- militar, os norte-americanos buscaram aproximação e laços com o Brasil, contudo “veio a nova república e esse “bondoso” apadrinhamento americano não pode mais continuar”. O que se percebe é um sentimento de revolta, de uma comunidade que abraçou o enredo e que constrói todo o imagético sonoro. A reflexão da escola de samba de Pilares é válida, contudo, corria o risco de vitimização e a banalização de um debate, não conseguindo perceber o quanto o Estado brasileiro já explorou ou se utilizou de força para constranger ou violar outras nações e até mesmo sua própria violação, a…