UM AMANHÃ MELHOR QUE HOJE: Cultura histórica e perspectiva de futuro nos sambas-enredo da década de 1980

Publicado em 12/09/2018

Um dos problemas apresentados por alguns setores do carnaval seria a subjetividade que os sambas de enredo têm apresentado, utilizando-se de palavras comuns e genéricas na construção da letra musical. Para o sambista e compositor Monarco, após o final da década de 1970, este gênero musical estaria perdendo sua qualidade, pois estaria sendo “feito na correria. Uma colcha de retalho que todo mundo faz um pouco. No final das contas o carnaval vira um espetáculo grandioso, mas na quarta-feira de cinzas todo mundo já esquece o samba- enredo”33. Evidentemente que a declaração concedida pelo sambista nos parece ser uma visão saudosista, até porque devemos entender o contexto em que Monarco está inserido em relação ao carnaval. Nascido em 1933, foi convidado para integrar a ala dos compositores da Portela em 1950, compôs um samba para Unidos do Jacarezinho em 1959 e na década de 1970 regressou à Portela ficando responsável pela organização da Velha Guarda. A visão de Monarco alinha-se com a do desfile dos Caprichosos de Pilares que “saudadeava” os antigos carnavais, colocando-os num pedestal em que as pessoas não terão mais acesso. Realmente há um problema nessa visão extremista e saudosista, pois existem exceções de sambas de enredos tanto da década de 1980, 1990, 2000 e 2010 que dão conta da função social do gênero…

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