Vingança do Além…

Vingança do Além...

Felipe residia na Capital. Vivia sozinho e mais sozinho ficava quando os alunos de seu cursinho voltavam para casa. Curioso: a solidão não o intimidava. Não se importava de ter que preparar o seu próprio lanche e tomá-lo sem companhia.

Seu apartamento de solteiro, situado no pátio interno da escola, tinha para ele um encanto secreto, porque nele havia certos toques femininos. O quarto estava mobiliado com um toucador médio, em cujas gavetas havia agulhas, grampos, fitilhos e outros artigos, conhecidos e desconhecidos, de uso feminino.

Ele se comprazia em aspirar o sutil perfume que exalava pelo quarto. Tal perfume, no qual reconhecia o almíscar, impregnava o aposento , sem que Felipe pudesse identificar-lhe a origem. Fazia conjecturas sobre a espécie de mulher que ali teria vivido. Fora, acaso, alta e esguia ? Qual teria sido o timbre de sua voz ?

Bastava-lhe apenas a presença de uma mulher irreal para fazê-lo sentir-se, de fato, vivendo no aconchego de um lar.

Numa cidade grande como a Capital - pensava - deve haver muitas criaturas misteriosas, encantadoras. Essa era a razão porque preferia residir na Capital, em vez de regressar à sua pequena cidade depois de ter fracassado em um Concurso Público de Literatura. Convencera-se a si próprio de que a viagem seria longa e dispendiosa, e…